Val d'Osne, berço da fundição artística - segunda parte
De 1870 a 1892, Val d'Osne vive, sob a razão social "Société Anonyme des Fonderies d'Art du Val d'Osne, um período de intensa atividade, durante o qual os belíssimos acervos de modelos de arte da usina Ducel serão adquiridos (1878), mas também de turbulência financeira que obriga um importante grupo de acionistas a assumir as rédeas do negócio e nomear, como principal executivo da empresa, Charles Hanoteau, engenheiro e antigo aluno da Escola Central de Paris. Hanoteau saneia o negócio enquanto desenvolve uma política social destinada a melhorar as condições dos operários e de suas famílias.
Desde o final de 1872, Val d'Osne explora um processo de galvanoplastia aperfeiçoado em suas oficinas. Trata-se da patente dos senhores Gaudin, Mignon e Rouart, administradores de Val d'Osne, os quais Charles Hanoteau muito se empenhará para afastar. Este processo visava recobrir de zinco, cobre ou bronze o ferro fundido, a quente, por imersão em banho, ou a frio, por depósito eletrolítico. O objetivo era, naturalmente, a proteção da peça contra a oxidação e, portanto, a corrosão.
As estátuas do Rio de Janeiro aparentemente não foram beneficiadas por tal processo, que evita a corrosão do material por meio de fenômeno eletrolítico.
Em 1895, Hanoteau transfere seus poderes de administrador-delegado a seu filho Henri, também egresso da Escola Central, que ainda trabalharia lá em 1912.
Em 1917, o registro das horas de trabalho dos operários indica que eles fabricam essencialmente granadas e obuses. A usina foi provavelmente requisitada pelo governo francês durante a tormentosa primeira guerra mundial.
Em 1931, a sociedade Durenne, fundada por outro grande fundidor artístico da Haute-Marne, em Sommevoire, adquire Val d'Osne. A empresa torna-se assim a Société Anonyme Durenne et du Val d'Osne. O administrador de Durenne reorienta a produção para peças mecânicas, suprimindo progressivamente a fundição artística.
Se a fundição de arte da Haute-Marne dominava o mercado até 1939, modelos em ferro fundido serão, após a guerra, muitas vezes refundidos em cubilôs (havia carência de matéria prima) e os modelos em gesso serão quebrados a marreta e jogados no lixo para dar lugar aos novos modelos. Somente os modelos religiosos escaparão, por respeito; o local onde eram estocados era chamado "o paraíso".
Val d'Osne cerrou definitivamente suas portas em 1986, no momento em que suas produções do século passado ganhavam os museus e eram objeto deobstinados leilões no mercado de arte.
O quadro de pessoal foi reaproveitado nas fundições da região. Descendentes de várias gerações de modeladores, moldadores e cinzeladores, eles perpetuam em outros lugares o seu know-how.
Fonte: Obras de Arte em Ferro Fundido (Prefeitura do Rio) |