Laranjeiras

Situada em um vale por onde correm as águas do Rio Carioca, encravada entre os Morros do Corcovado, Dona Marta e Mundo Novo e o espigão de Santa Teresa (Morro da Nova Cintra, etc), Laranjeiras possuía características rurais com sítios e chácaras rústicas que abasteciam a Cidade com verduras, legumes e laranjas. As terras dessa região foram divididas em sesmarias e doadas à família de Cristóvão Monteiro, primeiro ouvidor do Rio, que nelas construiu o “moinho velho”. O primitivo caminho de acesso à Laranjeiras acompanhava o Rio Carioca até o Flamengo.

Essas chácaras foram substituídas por outras luxuosas, pertencentes a nobres e homens abastados, como a Chácara Ilhota, de José Antônio Lisboa, a Chácara dos Frontins, a Chácara da Duquesa de Cadaval, a Chácara do Viana, a Chácara do Conde Modesto Leal, entre outras. Em 1895, fizeram em Laranjeiras uma “praça de touros”, de pedras e tijolos, para diversão aos domingos.

O Palácio Guanabara começou a ser construído a partir de 1853, na antiga Chácara do Rozo, pelo comerciante José Machado Coelho. Em 1865, foi comprado pelo Governo Imperial para servir de residência para a Princesa Isabel e o Conde d “Eu, passando então a ser chamado de “Palácio Isabel”. Com o advento da República, hospedou visitantes ilustres, foi moradia de presidentes e, a partir de 1960, tornou-se sede do Governo do Estado. Junto a ele instalou-se, em 1915, o Fluminense Football Club, que ali construiu o seu Estádio das Laranjeiras.

Na antiga Chácara de Carvalho de Sá, junto ao Morro da Nova Cintra, adquirida pelo empresário Eduardo Guinle, foi construído o Palácio das Laranjeiras entre 1909 e 1914, com seus belos jardins. Em 1947, o Palácio passou para o Governo Federal e, em 1975, foi cedido ao Governo Estadual. Nos jardins, ocupando área de 25 mil metros quadrados, surgiu o Parque Guinle.

A Praça São Salvador foi aberta na Chácara de José Alexandre Carneiro Leão, em 1875. Em 1880, o Bairro ganhava feições industriais com a instalação da Companhia de Fiações e Tecidos Alliança, na área da atual Rua General Glicério. A fábrica chegou a ter mais de mil operários e funcionou até 1938, dando origem a casas e vilas operárias. No lugar da fábrica, surgiria, em 1945, o empreendimento imobiliário “Cidade-Jardim Laranjeiras”, um bairro residencial aristocrático, com abertura de ruas, lotes e um conjunto de mais de dez prédios. A essa altura, o Rio Carioca estava todo canalizado, bondes percorriam a Rua das Laranjeiras, o velho Túnel da Rua Alice fazia a ligação com o Rio Comprido e já existia o corte da Rua Pinheiro Machado ligando Laranjeiras a Botafogo (1909/1913).

Com a inauguração do Túnel Santa Bárbara em 1963, Laranjeiras virou rota de ligação entre as Zonas Norte e Sul, o que foi acentuado com a abertura do Túnel Rebouças em 1965, quando se iniciou um período de intensa produção imobiliária, com verticalização das áreas formais e favelização nas encostas. Hoje, o bairro ainda guarda belos prédios, mansões e locais pitorescos como o “Portugal Pequeno” (Rua Cardoso Júnior) e o Mercadinho São José.

Fonte: http://portalgeo.rio.rj.gov.br